sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Minha filiação ao PSB

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Ontem, me filiei ao Partido Socialista Brasileiro - PSB. Na fotografia, estou junto ao Vice-Governador Beto Grill, que abonou a ficha da filiação. Outra hora, com mais tempo, escreverei sobre o assunto.
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Ser ou não ser - eis a questão

Ser ou não ser - eis a questão
Será mais nobre sofrer na alma
Pedradas e flechadas do destino feroz
Ou pegar em armas contra o mar de angústias –
E, combatendo-o, dar-lhe fim?

(Shakespeare, Hamlet)
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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O Papa também veste Prada!



"Papa Ratzinger deixa à mostra seus sapatinhos vermelhos quando visita o palácio Bellevue, na Alemanha, nesta última semana. Os sapatos - fashion - são da grife italiana Prada. São chamados de "múleos", a cor vermelha dos múleos papais simboliza - acreditem - o sangue dos mártires e a completa submissão do papa à autoridade de Jesus Cristo. (Ah! bom!) Os múleos papais são sempre feitos à mão, com o cetim, veludo ou couro vermelhos, os cadarços, quando presentes, são de cor de ouro e as solas feitas de couro. Foto de Johannes Eisele/FP"

O texto e fotografia acima foram pescados do Diário Gauche, blog do Cristóvão Feil.

Mas báh!  Agora me caiu os butiá do bolso! Não é que o Santo Padre, tal qual o Diabo, também veste Prada!

Pois esses sapatinhos me trouxeram à lembrança aqueles que o Falcão usava, quando treinava o Colorado. Até fico pensando que, caso o Papa venha ao Brasil, na Copa de 2014, bem que o "filho da Dona Azize" podia emprestar aquele lindo modelo para Sua Santidade dar pontapé inicial em alguma partida, talvez no próprio Beira-Lago.

Na época em que o Rei de Roma nos apresentou aquela obra de arte recheada de palmilhas, este operoso blog fez uma pesquisa e sugeriu outras opções, que também poderiam ser usados pelo elegante sucessor do Apóstolo Pedro. Repetimos os modelitos adiante, caso o semideus resolva diversificar...


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sábado, 24 de setembro de 2011

Fique culto em dez minutos

Recebi um e-mail muito útil, e quero compartilhar. Lá vai:

Resumão dos melhores livros! Imperdível. Para pessoas muito ocupadas, sem tempo para leitura.


William Shakespeare
Romeu e Julieta

Dois adolescentes doidinhos se apaixonam,
mas as famílias proíbem o namoro, as duas
turmas saem na porrada, uma briga fodida,
muita gente se machuca. Então, um padre filho
da puta tem uma idéia idiota e os dois morrem
depois de beber veneno, pensando que era sonífero.
Fim.

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Gustave Flaubert
Madame Bovary 

778 páginas

Uma dona de casa mete o chifre no marido e transa com o padeiro, o leiteiro, o carteiro, o homem do boteco, o dono da mercearia e um vizinho cheio da grana. Depois entra em depressão, envenena-se e morre.
Fim.

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Leon Tolstoi
Guerra e Paz

Paris, Ed.Chartreuse. 1200 páginas

Um rapaz não quer ir à guerra por estar 
apaixonado e por isso Napoleão invade
 
Moscou. A mocinha casa-se com outro.
Fim.

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Marcel Proust:
À La recherche du temps perdu
(Em Busca do Tempo Perdido)
Paris, Gallimard. 1922. 1600 páginas

Um rapaz asmático sofre de insônia porque a 
mãe não lhe dá um beijinho de boa-noite.
 
No dia seguinte (pág. 486 vol. I), come um bolo e
 
escreve um livro. Nessa noite (pág.1344, vol.VI)
 
tem um ataque de asma porque a namorada (ou
 
namorado?) se recusa a dar-lhe uns beijinhos.
 
Tudo termina num baile (vol. VII) onde estão
 
todos muito velhinhos - e pronto.
Fim.

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Luís de Camões:
Os Lusíadas.
Editora Lusitânia

Um poeta com insônia decide encher o saco do 
rei e contar-lhe uma história de marinheiros que,
 
depois de alguns problemas (logo resolvidos por
 
uma deusa super gente fina), ganham a maior
 
boa vida numa ilha cheia de mulheres gostosas.
Fim.

*********

William Shakespeare
Hamlet

Essa é foda.
Um príncipe com insônia passeia pelas muralhas 
do castelo, quando o fantasma do pai lhe diz que
 
foi morto pelo tio que dorme com a mãe, cujo
 
homem de confiança é o pai da namorada, que,
 
entretanto, se suicida ao saber que o príncipe
 
matou o seu pai para se vingar do tio que tinha
 
matado o pai do seu namorado e dormia com a
 
mãe. O príncipe mata o tio que dorme com a
 
mãe, depois de falar com uma caveira e morre
 
assassinado pelo irmão da namorada, a mesma
 
que era doida e que tinha se suicidado.
Fim.

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Sófocles:
Édipo-Rei

Maluco tira uma onda, não ouve o que um 
ceguinho lhe diz e acaba matando o pai,
 
comendo a mãe e furando os olhos.
 
Por conta disso, séculos depois, surge a
 
psicanálise, que, enquanto mostra que você vai
 
pelo mesmo caminho, lhe arranca os olhos de
 
cara em cada consulta. Parada muito doida.
Fim.

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William Shakespeare
Othelo

Um rei otário, tremendo zé-roela, tem um amigo 
muito filho da puta que só pensa em fazê-lo de
 
bobo. O malandro, não ganha um cargo no
 
governo e resolve se vingar do rei, convencendo
 
o de que a rainha está dando pra outro. O zé
 
mané acredita e mata a rainha. Depois descobre
 
que não era corno, mas apenas muito burro por
 
ter acreditado no traíra.
Prende o cara e fica chorando sozinho.
Fim.

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Pronto!

Você economizou a leitura de pelo menos 7.000 páginas e R$ 1.500,00 em livros,
e agora pode comprar tranqüilo a sua coleção de Caras ou Playboy!

Liberdade de Imprensa, segundo Kayser

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quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Justiça suspende licitação da água em São Luiz Gonzaga

O Poder Judiciário de São Luiz Gonzaga concedeu liminar, agora no final da tarde, suspendendo o processo de privatização dos serviços de água e esgoto em nossa cidade.

O número do Processo é 034/1.11.0003610-1

Segue a decisão:

Julgador:

Alan Peixoto de Oliveira

Despacho:


 Vistos. Intentaram as autoras MARA REGINA DA SIQUEIRA SILVA e ADELIRES ODETE BALBUENO DA SILVA com ação Popular em face do Prefeito Municipal VICENTE DIEL e do MUNICÍPIO DE SÃO LUIZ GONZAGA. Sustentaram na ação a existência de irregularidades no que se refere ao ato convocatório da licitação dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Pedem liminarmente a suspensão do procedimento licitatório a que se refere o edital de Concorrência nº 05/2009 e no mérito a anulação do supracitado. Defenderam que no Edital de Concorrência nº 05/2009 (Processo Administrativo nº 1.109/2009) se apresentaria com flagrante vício de forma, uma vez trataria de forma temerária a indenização à atual concessionária, decorrente da reversão dos bens, se mostrando assim incompleto e irregular. Disseram que não foi realizado um estudo técnico acerca dos valores que seriam devidos a atual concessionária, e que pela inexistência de acordo quanto aos bens, estes serão suportados integralmente pelo Município, nos termos do disposto no art. 42 da Lei nº 8.987/95, que não apresentou a previsão orçamentária que tal despesa causará aos cofres municipais. Defenderam ainda a ausência de isonomia no certame por conta das regras de contagem de pontos na nota técnica, uma vez que o referido edital contempla os critérios de menor valor, combinado com a melhor técnica,sendo que foi dado o respectivo peso 3 e 7 para cada um dos itens. Além disso, relataram que cada critério seria dividido em tópicos que somados chegariam a pontuação máxima de 1.000 pontos, no que somente quanto a experiência, dentro do quadro de técnica, alcança a pontuação de 500 pontos, valor este discrepante quanto aos outros critério, o que demonstra que há uma certa imparcialidade na avaliação, garantindo preferência a empresas que estejam já há muitos anos no mercado, mas que não necessariamente tenham uma proposta financeira vantajosa aos cidadãos, haja vista a desproporcionalidade da avaliação das notas do certame. Eis o relatório. Decido. A Ação Popular está disciplinada pela Lei nº 4.717, de 29 de junho de 1965. Dispõem o caput do art. 1º, e § 1º: Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para pleitear a anulação ou a declaração de nulidade de atos lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141, § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União represente os segurados ausentes, de empresas públicas, de serviços sociais autônomos, de instituições ou fundações para cuja criação ou custeio o tesouro público haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incorporadas ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres públicos. § 1º - Consideram-se patrimônio público para os fins referidos neste artigo, os bens e direitos de valor econômico, artístico, estético, histórico ou turístico. (Redação dada pela Lei nº 6.513, de 1977). A Constituição da República, a respeito da Ação Popular diz: Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: ... LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da sucumbência; Assim, observados os princípios insculpidos na Carta Republicana, em um primeiro momento, num juízo de cognição sumária, com base na documentação carreada aos autos, tenho que a medida liminar merece ser deferida. Com efeito, restou demonstrado que não havendo um acordo pré-existente quanto ao destino dos bens da atual concessionária, este valor poderá vir a ser suportado pelo Município, causando lesão ao erário público, ou à coletividade dos munícipes. Assim, para chegar a bom porto o procedimento licitatório, afastando qualquer possibilidade de prejuízo aos cofres municipais, reputo indispensável que reste esclarecido claramente as obrigações e haveres do ente municipal, da atual concessionária e daquela que, porventura, vencer o certame, sendo inadmissível a ocorrência de lacunas nesse ponto, uma vez que a quantia pode ser significativa para o orçamento municipal. Ademais, não se mostra crível a discrepância na pontuação, haja vista que os critérios, num primeiro momento, devem ser observados de forma igualitária, a não ser que bem justificados para o serem de forma diversa, o que não é o caso do presente, já que não demonstrada a motivação para a diferença na pontuação, privilegiando assim um dos critérios. Evidente que o edital, na forma em que foi concebido, busca limitar a concorrência, desfavorecendo uma contratação mais vantajosa ao ente municipal, o que, também, em cognição sumária, indica lesão aos cofres públicos. Assim, com base no exposto, é que tenho por deferir a medida liminar para o fim de suspender o Edital de Concorrência nº 05/2009. Saliento que tal medida pode ser revista a qualquer tempo, havendo novas informações. Citem-se os demandados. Intimem-se. Diligências legais. 
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OBS: Os grifos são meus.

terça-feira, 20 de setembro de 2011

Sirvam (quase todas) nossas façanhas...

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"O cartunista Santiago mais uma vez, com sua genialidade peculiar, traz um importante resgate. Certamente vai contribuir para muitos cetegeanos conhecerem um importante capítulo de nossa história que muitos desconhecem."
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A charge é de Santiago, a ideia e o texto foram pescadas do Aldeia Gaulesa, blog do Erick da Silva que há mais de dois anos está na minha lista de favoritos.
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segunda-feira, 19 de setembro de 2011

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Como entrar em desacordo


Como entrar em desacordo

* Artigo de Paul Graham,
 Pescado aqui, no Bule Voador

A internet transformou a escrita em conversação. Há vinte anos, escritores escreviam e leitores liam. A internet permite que seus leitores respondam, e cada vez mais eles fazem — em comentários em posts, fóruns e em seus próprios blogs. 

Muitos daqueles que respondem tem algo a discordar sobre o que leem. Isso já é esperado. Concordar com um texto motiva menos as pessoas do que discordar. Quando você concorda, há menos para se dizer. Você pode expandir o que o autor afirmou, mas talvez ele já explorou todas as implicações interessantes. Quando você entra em desacordo, você está entrando em um território que o autor ainda não explorou.

O resultado é que há muito mais divergências acontecendo, e você pode medir isso pelas palavras e respostas por aí. Isso não significa que as pessoas tem se tornado raivosas. A mudança estrutural na maneira de como nós nos comunicamos já é suficiente para explicar isso. Apesar de não ser a raiva que está causando um aumento nos número de desacordos, há o perigo de que o aumento no número de deles faça com que as pessoas se tornem mais raivosas e infelizes umas com as outras. Particularmente online, onde é fácil dizer coisas que você nunca diria cara a cara.

Se nós vamos entrar em desacordo mais vezes, então nós deveríamos tomar cuidado com isso. Muitos leitores conseguem saber a diferença entre xingamentos e uma refutação cuidadosamente construída, mas eu acho que ajudaria se colocassemos nomes para os estágios intermediários. Então tentaremos estabelecer uma hierarquia do desacordo.


0) Xingamento

Essa é a forma mais baixa de desacordo e provavelmente a mais comum. Todos nós já vimos comentários assim:

“vc é uma bicha!!!”

Mas é mais importante perceber que uma forma mais articulada de xingamento também tem o mesmo peso. Um comentário do tipo

“O autor é pedante e o artigo é horrívelmente construído.”

não é nada além de uma versão pretensiosa de

“vc é uma bicha!!!”.


1) Ad Hominem

Um ataque ad hominem não é tão fraco quanto um simples xingamento. Ele pode conter algum peso. Por exemplo, se um senador escreve um artigo dizendo que os salários dos senadores deveriam ser aumentados, alguém poderia rebater:

“Claro que ele diz isso. Ele é um senador.”

Isso não refutaria o argumento do autor, mas pode pelo menos parecer relevante para este caso. No entanto, ainda é uma forma bem fraca de desacordo. Se há algo de errado com o argumento do senador em si, então você deveria dizer o que está errado; e se não há, então que diferença faz o fato de ele ser um senador?

Dizer que um autor não tem autoridade para escrever sobre um assunto é uma variante de ad hominem — e particularmente uma variante inútil, pois as boas idéias geralmente vêm dos outsiders (aqueles que ainda são desconhecidos no meio). A questão é sobre o autor estar correto ou não. Se a sua falta de autoridade causou e fez com que ele cometa erros, então aponte-os. E se falta de autoridade não está ligada aos supostos erros, então ela é realmente irrelevante.


2) Respondendo ao tom

Nesse nível superior começamos a ver respostas ligadas diretamente ao conteúdo do texto, ao invés de serem ligadas ao autor. A forma mais inferior desse tipo de argumento é discordar do tom utilizado pelo autor no texto. Por exemplo:

“Eu não posso acreditar que o autor rebate o 
Design Inteligente de maneira tão arrogante.”

Apesar de ser melhor do que atacar o autor, esse ainda é uma forma fraca de divergir. É muito mais importante saber se o autor está certo ou errado do que apontar os dedos para o tom utilizado em seu escrito. Especialmente porque é difícil julgar um tom de maneira isenta. Alguém que está emocionalmente envolvido com determinado tema pode sentir-se ofendido por um determinado tom, enquanto o mesmo pode ter sido percebido como neutro por outros leitores.

Então, se a pior coisa que você pode dizer a respeito de algo é criticar o seu suposto tom, então você não está dizendo muito. O autor é rude, porém correto em seus argumentos? Melhor isso do que ser grosseiro e estar errado. E se o autor está errado em alguma afirmação, aponte onde está o erro e refute.


3) Contradição

É nesse estágio que nós finalmente encontramos respostas minimamente substanciais para o que foi dito, ao invés de respostas para como tais coisas foram ditas ou por quem elas foram ditas. A forma mais baixa de se responder à um argumento é simplesmente afirmar o oposto, contradizendo o autor, com nenhuma ou pouca evidência, através de um argumento falacioso ou simplesmente frágil.

Esse tipo de argumento é muitas vezes combinado com argumentos do tipo (2), de resposta ao tom:

“Eu não posso acreditar que o autor rebate o Design Inteligente de
maneira tão arrogante. O Design Inteligente é sim uma teoria científica.”

A contradição pode ter algum peso. Às vezes, apenas contradizer e afirmar o oposto explicitamente pode ser suficiente para verificar-se que está correto. Na maioria dos casos, evidências e uma argumentação mais rica são necessárias.


4) Contra-argumento

No nível (4) encontramos a primeira forma de desacordo convincente: o contra-argumento. Até esse ponto, todas as formas anteriores podem ser ignoradas como irrelevantes e muito inferiores. O contra-argumento pode provar ou refutar algo. O problema é que pode ser difícil verificar o que um contra-argumento realmente prova.

Um contra-argumento é uma contradição expressa em conjunto de evidências confiáveis e argumentação lógica sólida. Quando direcionado diretamente contra o argumento original do autor, ele pode ser convincente. Mas infelizmente é comum encontrar contra-argumentos que estão atacando posições diferentes daquelas alçadas originalmente pelo autor.

Nesse sentido, podemos dizer que um bom contra-argumento pode estar tentando atacar um “espantalho” do argumento original do autor — criado conscientemente ou não — e que é uma versão distorcida do argumento, geralmente fácil de ser rebatida.

Muitas vezes, duas pessoas estão discutindo passionalmente sobre duas coisas completamente diferentes. Os indivíduos até concordam um com o outro, mas estão tão profundamente envolvidos no embate que acabam cegando para esse fato.

É possível que exista uma razão legítima para argumentar contra alguma coisa ligeiramente diferente daquela que sustentada originalmente pelo autor: quando você percebe que ele deixou escapar o âmago ou ponto central da questão. Mas quando você fizer isso, deve dizer explicitamente, de maneira textual e direta, que você percebeu que o autor errou por pouco o alvo.


5) Refutação

A maneira mais convincente divergir de seu proponente é a refutação. É também a mais rara, já que é a mais difícil. De fato, a hierarquia do desacordo forma uma espécie de pirâmide, no sentido de que as formas que se encontram no topo são as mais raras de se encontrar.

Para refutar alguém, é preciso que provavelmente você faça uma citação do argumento do mesmo. Você precisa ser capaz de achar uma “fumaça” ou “ponto fraco” em uma passagem do texto do autor que você percebe que está errada, e então explicar por que ela está errada.

Se você não consegue encontrar uma passagem textual, de preferência clara e objetiva, então é possível que você esteja correndo o risco de estar argumentando contra um “espantalho” criado pela sua própria sede de encontrar uma falha nos argumentos do autor.

Mesmo que a refutação geralmente venha forma de criação de citações de passagens do texto do autor, o fato de estar citando passagens diretas do texto do autor não implica que uma refutação está realmente acontecendo. Algumas pessoas citam partes do texto que elas discordam apenas para dar a aparência de que estão prestando atenção nos argumentos, e de que estão produzindo uma refutação legítima, quando na verdade estão construíndo uma resposta tão inferior quanto uma (3) contradição ou um (0) xingamento.


6) Refutando o ponto central.

A força de uma refutação depende daquilo que você refuta. A forma mais poderosa de desacordo é refutar o ponto central afirmado por alguém.

Muitas vezes, mesmo em níveis alto como (5), encontramos desonestidade intelectual deliberada, como por exemplo quando alguém refuta apenas os argumentos acessórios ou adjacentes ao argumento central proposto pelo autor — que ainda se mantém forte em seu ponto central. A refutação do ponto central é tão forte e avassaladora que, na maioria das vezes, é percebida pelo público como um grande ad hominem ou como arrogância e abuso de intelectualidade por parte do refutador, ao invés de um argumento legítimo.

Para verdadeiramente refutar algo, é necessária uma refutação do ponto central ou pelo menos de alguns deles. E isso significa se comprometer em expressar textualmente, da maneira mais objetiva possível, qual é o ponto central que está sendo refutado no momento. Então, uma refutação verdadeiramente efetiva se parece com isso:

“O ponto central do autor parece ser x. Como ele mesmo diz:

" ... citação ..."

Mas isso está errado por diversas razões, como por exemplo y e z…”

A citação apontada não precisa ser necessariamente uma afirmação textual exata àquela expressa originalmente pelo autor em seu ponto central. Algumas vezes, alguma citação que prove uma dependência essencial em relação ao ponto central ja é suficiente.


O que isso tudo significa

Agora nós temos uma maneira ligeiramente informal de classificar formas de desacordo. Qual o benefício disso? Uma coisa que a hierarquia do desacordo não nos dá é uma maneira de escolher um argumento vencedor. Os níveis apenas descrevem o formato dos argumentos e não se eles são corretos. Uma resposta (6) de refutação do ponto central, ainda que sólida, pode estar completamente errada.

Mesmo que os níveis de desacordo não estremem um limite inferior sobre o grau de convencimento de respostas e replicas em uma discussão, eles acabam sim delimitando um limite superior. Uma resposta (6) de refutação do ponto central pode não ser convincente, mas uma (2) de resposta ao tom do texto do autor é sempre fraca e inconvincente.

A vantagem mais óbvia de se classificar formas de entrar em divergência é que isso pode ajudar as pessoas a avaliar o que elas estão lendo. Em particular, vai ajudar elas a identificar argumentos intelectualmente desonestos.

Um orador eloquente ou escritor pode causar a impressão de estar subjugando oponentes apenas por estar usando palavras de impacto. De fato, essa é a qualidade dos demagogos. Ao dar nomes para as diferentes formas de entrar em desacordo, damos aos leitores um alfinete para estourar tais balões argumentativos.

Tais rótulos podem ajudar os escritores também. A maioria das desonestidades intelectuais são não-intencionais, muitas vezes irracionais e inconscientes. Alguém que está argumentando contra o tom empregado pelo autor em um texto pode realmente acreditar que o texto está falando algo válido. Dar um passo para trás e ver a figura de longe pode inspirá-lo a tentar mover as suas respostas para o status de (4) contra-argumento ou (5) refutação.

Mas o grande benefício de entrar em desacordo de maneira racional e inteligente não é que isso pode fazer com que as nossas conversas fiquem melhores, mas fazer com que as pessoas envolvidas nelas tornem-se mais felizes.

Se você estudar as conversas, perceberá que os argumento próximos de (1) contém muita mesquinhez e maldade. Para destruir um argumento você não precisa destruir o oponente. De fato, você não quer. Se você se concentrar em subir a hierarquia da pirâmide do desacordo, farás com que a maioria das pessoas tornem-se felizes. A maioria das pessoas não gosta de mesquinhez; elas só fazem isso porque se envolvem emocionalmente.

* Paul Graham, Ph.D. em Ciência da Computação pela Havard University e B.A. em Filosofia pela Cornell University, empreendedor do Vale do Silício e famoso pelo seu trabalho na linguagem de programação Lisp (autor de ‘On Lisp’ e ‘ANSI Common Lisp’).



Nota do blogueiro: Recebi este texto da Djanira, e achei valioso compartilhar.
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